terça-feira, 11 de novembro de 2008

Maria, Maria

Todos a chamam de Maria e ela responde. Mas será mesmo esse seu nome?
Maria vive, há pelo menos dez anos, ali na rua Cel. Gustavo Santiago, próximo ao metrô Carrão na zona leste de São Paulo.
Seus cabelos desgranhados estão sempre presos em forma de qualquer coisa. As roupas sempre muito velhas. Na verdade, usa as que aparecem. Até de palhaço já se vestiu. As unhas sempre com esmalte descascados. E os pés em velhos chinelos havaianas.
Com o que acha pela rua, ela mobília sua “casa”. Já teve sofá, mesa de centro, tapete, estante e até quadro. Nas noites de frio recorre à fogueira e nas de calor deve admirar as estrelas. Quando chove refugia-se no toldo do tintureiro. Ela sabe se virar.
Lava as roupas com a água que sai de um edifício e, com sorte, usa até sabão em pó! Gasta boa parte do dinheiro que ganha nas ruas com seus inseparáveis cigarros.
Em algumas noites acorda a vizinhança dizendo aos berros que o “estrupador” vem aí. Maria tem uma língua bem afiada. Quem passa por ela que o diga.
Muitos dizem que ela tem casa, marido, filhos... mas escolheu viver assim. Independente de sua escolha Maria é, como diria Milton Nascimento em música homônima, “uma mulher que merece viver e amar como outra qualquer do planeta”.

(02/11/2008)

Um comentário:

Anônimo disse...

Tô vendo q vai ser um futuro orgulho =]
Mto bom ;D